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O lado real do abstrato – Entrevista com a autora Caroline Fortunato

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Sinopse: Em 2050, o Homem finalmente tem tecnologia apropriada para explorar outros planetas com o fim principal de descobrir se há mesmo vida inteligente por lá. Joaquim, um frio e cético astrofísico brasileiro, se propõe a fazer uma viagem como astronauta de treze anos terrestres à velocidade da luz até o irmão gêmeo da Terra, com a diferença de este possuir uma massa três vezes maior. Romance de tese, o ambiente da história é totalmente distinto com o objetivo de examinar outra população com comportamentos e ideologias reais que normalmente escapariam à nossa imaginação mais abstrata.

O Lado Real do Abstrato é um romance de ficção científica, bem curto, mas bastante envolvente. Se você gosta de filmes como Gravidade, Interstellar, ou o mais recente, Ad Astra, dê uma chance a esse livro. Mas, para falar mais sobre a obra, confira a seguir a entrevista que eu fiz com a autora dele, Caroline Fortunato:

Nerdssauros: Para começar, por favor, explique o título “O Lado Real do Abstrato”. Sem muitos spoilers, o que ele significa e no que diz respeito à história?

Caroline: “[…] o ambiente da história é totalmente distinto com o objetivo de examinar outra população com comportamentos e ideologias reais que normalmente escapariam à nossa imaginação mais abstrata.” Creio que esse trecho presente na sinopse resuma bem o título: como minha intenção era criar uma população oposta à humanidade, essa, então, foi pra mim uma tarefa abstrata (já que eu não tinha outros modelos), mas que deveria ter uma fundamentação realista.

Nerdssauros: Quais foram as principais motivações para escrever o livro?

Caroline: A turbulência que é a adolescência. Eu escrevi esse livro aos 16 anos, no Ensino Médio: o período que abrigou minhas maiores inquietações existenciais. A história, então, é um grande grito disso tudo.

Nerdssauros: Você se inspirou em outras obras que tratam de temas humanos com o Espaço de fundo? Como Gravidade ou Interestelar?

Caroline: Não. Me sinto muito amadora nesse quesito, mas eu nunca li nada do gênero.

Nerdssauros: Em uma parte do livro o protagonista conhece uma raça alienígena, queria saber como foi o processo para a criação deles, no que você se inspirou e baseou?

Caroline: O comportamento dessa raça alienígena foi inspirado no lado que eu mais gosto em mim mesma (eu me identifico muito mais com eles do que com o protagonista Joaquim). A biologia deles foi inspirada nas aulas que eu tinha dessa matéria (além de mais algumas pesquisas) com a professora que marcou minha trajetória. Já na fisionomia deles eu dei uma viajada mesmo.

Nerdssauros: Seria correto dizer que há uma influencia na história de autores clássicos como Machado de Assis? No que diz respeito ao desenvolvimento da personagem Joaquim?

Caroline: Sim. Eu lia muitos clássicos na época, e Machado de Assis sempre foi o meu escritor favorito.

Nerdssauros: Um dos temas que o livro aborda a meu ver é o vazio existencial. Como você o analisa nos dias de hoje? Para você, qual é a causa dele e como o tratamos?

Caroline: Que pergunta difícil! Eu acho, pessoalmente, que o ser humano tem uma tendência pro vazio existencial na medida em que nós não sabemos de nada. É um pouco solitário viver em uma bola que fica girando no Espaço; sermos donos de nossas vidas e ao mesmo tempo saber tão pouco de nós mesmos. Nós inventamos, então, um mundo com um pouco mais de sentido, que seria o nosso mundo social – dependendo da forma que o vivenciamos, nós conseguimos extrair boas experiências e bons aprendizados dele. Eu acredito que o autoconhecimento é uma arma poderosa no combate a esse vazio, pois quanto mais você se aproxima das verdadeiras raízes de tudo o que você sente, melhor você consegue enxergar o problema e uma possível solução.

Nerdssauros: O livro é relativamente curto, pensa que poderia ter explorado mais a história ou acha que teve o tamanho certo para o que tinha a ser contado?

Caroline: As maiores críticas construtivas que eu recebi foram em relação ao tamanho do livro: disseram que eu deveria ter detalhado mais algumas situações. Eu concordo, mas não sei se faria diferente. A personalidade de minha escrita na época era um pouco voraz, e eu narrei absolutamente tudo o que eu gostaria. (In)felizmente, eu não teria conseguido ser mais perfeccionista.

Nerdssauros: Qual foi o melhor feedback que você teve do livro? O mais marcante?

Caroline: Em geral, são quando as pessoas dizem que meu livro as faz refletir sobre questões humanas. Teve uma moça, por exemplo, que, ao terminar de ler, disse que ficou pensando por uma semana inteira em uma série de questões.

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