As convenções nerds têm ficado cada vez maiores no Brasil, contudo, o preço da entrada também acompanhou esse crescimento. Se você mora longe do centro, então, pior ainda.
Foi com o intuito de mostrar que a periferia também pode ser nerd que a Perifacon foi criada. Em sua primeira edição, o evento já mostrou para que veio, lotando o gigantesco espaço da Fábrica de Cultura do Capão Redondo.
O evento em si contou com seis andares que poderiam ser facilmente acessados por meio de escadas ou elevadores, pelo menos até certo momento.
Mesmo lotada, a falta de espaço era a menor preocupação de quem participava. Por todo lado se via pessoas de todas as idades se divertindo na primeira convenção da periferia.
Confira logo abaixo o que nós vimos de melhor na Perifacon.
Games
No andar térreo da Fábrica de Cultura ficava a sala de games, que contava com cinco desenvolvedoras totalmente brasileiras.
Huni Kuin: Yuni Baitana
O jogo baseado na mitologia do povo indígena Huni Kuin significa, em português, “os caminhos da jiboia”. A jogabilidade se baseia no estilo plataforma, tendo como protagonistas dois gêmeos que devem passar por uma série de desafios.
Trazendo conceitos da cultura desse povo, o personagem possui duas vidas, precisando buscar alimentos para recuperar uma e plantas medicinais para recuperar a outra. Caso você também mate muitos animais na floresta, o jogo se torna mais difícil, pois o deus protetor da floresta fica zangado com o seu personagem.
O jogo está disponível para acesso gratuito aqui.
Bedtime Fright
Baseado na temática puzzle, o desafio do jogo é apagar todas as luzes da casa que Kiddo, o protagonista, deixou acesas.
Você não pode voltar atrás nos caminhos que já andou, porque o fantasma do escuro está te perseguindo em cada passo que dá. Isso te obriga a dar a volta no monstro, o que nem sempre é tão fácil quanto parece.
Conforme o jogo avança, aliados podem te ajudar a combater o fantasma e ajudar Kiddo a apagar todas as luzes.
O jogo ainda não tem data de lançamento, mas estará disponível para Android e iOS.
Angola Janga: a Picada dos Sonhos
A Sue the Real trouxe seu jogo Angola Janga, baseado no livro de mesmo nome. Com elementos de games adventure e point and click, você deve indicar o caminho para Zumbi chegar no Quilombo dos Palmares.
A desenvolvedora paulistana também aproveitou para mostrar seu novo projeto com a Pix Juice, o One Beat Min. O jogo é uma batalha de rap, onde dois jogadores se enfrentam pela maior pontuação.
A jogabilidade é semelhante a de jogos de memória e música, como o Genius. Quem conseguir lembrar a maior sequência de “versos” ganha a batalha.
Ambos os jogos estarão disponíveis para smartphones.
A Nova Califórnia
O jogo da GameArte é uma adaptação do conto de mesmo nome do escritor Lima Barreto. Nele você precisa fazer as ações nefastas dos personagens de Tubiacanga em cenas que misturam aspectos de aventura e ação.
A jogabilidade também conta com um sistema de diálogo que afeta diretamente a pontuação do game, estimulando os jogadores a analisar bem as suas escolhas antes de falarem algo. Não é nem necessário dizer que respostas “polidas” nunca são a resposta certa.
O jogo pode ser comprado na Steam.
Xondaro
A desenvolvedora trouxe três jogos para o evento com temáticas conscientizadoras. O primeiro, Filho, é um storytelling onde você interage com um jovem que sofre preconceito e tem que lidar com a depressão.
O segundo é 260K, um jogo onde você controla uma vaquinha em direção ao abate. Conforme você vai avançando na história, a sensação claustrofóbica de andar no corredor do abatedouro apenas adia o inevitável…
O terceiro, ainda em desenvolvimento é Assis: Crônica do Livramento, o jogo que conta com a lendária participação de Machado de Assis, dessa vez como realmente um machado.
Salas de RPG
A Perifacon também trouxe mestres experientes em RPG de mesa para os fanáticos por D&D. Só assim para conseguir jogar uma sessão sem precisar se preocupar com a agenda de todos os jogadores.
Mesas de Debate
Para quem queria também um espaço para debate de ideias, a Perifacon chamou palestrantes de peso. O espaço era concorrido e era possível ver filas uma hora antes de começar cada discussão.
Os temas envolveram representatividade no meio nerd e produção independente.
Beco dos Artistas
Não poderia ser uma convenção de quadrinhos e cultura nerd sem, é claro, os espaço para os quadrinistas.
No quarto andar ficava o Beco dos Artistas, com vários produtores independentes mostrando seus trabalhos mais recentes para os visitantes. A fila para entrar nesse espaço dobrava o corredor, mas a espera compensava.
Quem foi esperto ainda conseguiu pegar alguns autógrafos, seja no aperto do Beco ou durante as sessões de autógrafos organizadas no segundo andar.
Gameboard
A Galápagos jogos também marcou presença no evento com jogos como:
- Zombicide – Green Horde: você e seus amigos devem trabalhar juntos para fugir de um castelo medieval, enquanto enfrentam temíveis criaturas no caminho;
- Dobble: um jogo de velocidade e observação onde todos jogam. Quem encontrar dois símbolos iguais ganha.
- Black Stories: um jogo de adivinhação onde seus amigos precisam descobrir quais foram as condições bizarras para a morte de alguém.
Oficinas e Sala Kids
Se você buscava algo mais prático, a Perifacon tinha também!
Além das aulas de poção e oficinas de tecnologia, ainda havia eventos como o quiz de HQs ou decoração de cupcake.
Para as crianças mais agitadas, o espaço kids oferecia um espaço (bem acolchoado) de swordplay e outras atividades direcionadas para os pequenos.
Perifacon: a maior convenção da periferia
Mesmo no seu primeiro ano, a Perifacon foi um ótimo evento para fãs de quadrinhos e cultura nerd de todos as origens, lugares e idades. Ficamos na expectativa para que ano que vem tenhamos mais um evento com toda a qualidade e inclusão que conseguiram proporcionar nesse domingo.