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Psycho Pass 3 não alcança nível da primeira, mas supera segunda temporada

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Mais curta, com apenas oito episódios, o anime cyberpunk de investigação Psycho Pass,  uma distopia em que o Japão está sob regência do sistema Sybil, uma rede que analisa o coeficiente criminal da pessoa e decide se a ela é capaz de viver em sociedade ou não, está de volta.

O anime retornou com novas aventuras, novos executores e novos inspetores. Apesar de termos alguns rostos conhecidos como Shion Karanomori e Mika Shimotsuki, agora a vez é dos inspetores Arata Shindo, um mentalista, e Kei Ignatov, um imigrante russo com experiência militar.

Histórico

Psycho Pass teve sua primeira temporada exibida em 2012, a segunda temporada veio ao ar em 2014 e muitas pessoas a criticaram, eu incluso. Psycho Pass 2 tem problemas como história acelerada e uma trama que começa atrativa, mas que aos poucos perde o encanto. E o principal problema, algo que também pode ser visto um pouco na primeira, mas fica escancarado na segunda, é o mal desenvolvimento de seus personagens.

 Na primeira temporada, exceto por seus protagonistas Tsunemori Akane, Shinya Kogami, Nobuchika Ginoza, e o executor Tomomi Masaoka, os secundários, mas importantes, Yayoi Kunizuka, Shusei Kagari e Shion Karanomori, e até mesmo o vilão Shogo Makishima, que é um vilão muito cativante, acabam tendo um desenvolvimento inferior ao que poderiam ter. Eles pouco saem de seus arquétipos, mas compensam isso com carisma e personalidade.

Já a segunda temporada temos Mika Shimotsuki já consolidada em seu papel de inspetora ao lado de Akane. Mas ela, que podia ser uma personagem incrível vide sua inserção na equipe e histórico, acaba se tornando um dos principais problemas da série, com ela sendo insuportável, irritante, e praticamente não evoluindo.

E o novo executor Sho Hinakawa não sai de seu arquétipo de nerd introvertido e não possui carisma. Já o vilão, apesar de ter alguns pontos positivos, fica muito atrás de Makishima. E a conclusão deixa muito a desejar.

Algumas coisas salvam, como a consolidação de Akane como líder da Divisão 1, o novo executor Sakuya Togane, e o acréscimo do professor Joji Saiga ao time. Mas não tem como não ficar com o sentimento de que “houve desperdício” em que Ginoza, tão importante em Psycho Pass 1, nessa temporada é praticamente deixado de lado.

Psycho Pass teve depois disso um filme em 2015 em que tivemos a volta de Kogami, um dos se não o personagem mais popular da franquia e vemos aqui um pouco como está o mundo fora do Japão, comandado pelo sistema Sybil. Tivemos então em 2019 três novos filmes, a trilogia Psycho Pass: Sinners of the System.

A trilogia Sinners of the System compensa alguns defeitos da segunda temporada, nos mostrando uma evolução na inspetora Mika Shimotsuki e de Nobuchika Ginoza como executor. O segundo nos mostra o passado do executor Teppei Sugo e por consequência traz de volta os personagens Risa Aoyanagi e Tomomi Masaoka. Já o terceiro é totalmente focado em Kogami e sua vida fora do Japão.

A trilogia estabelece elementos que estarão presentes em Psycho Pass 3: primeiro por introduzir uma nova personagem, Frederica Hanashiro, da Relações Internacionais, um departamento que irá rivalizar com o Departamento de Segurança Pública. E também por mostrar como o mundo fora do Japão está um caos, de fato, e como o Sybil, apesar de tudo, mantém a ordem e a paz, mesmo com suas contradições e efeitos colaterais.

Uma coisa interessante nesses três filmes é que o tom das histórias é muito mais positivo do que nas histórias anteriores. Psycho Pass diferente das outras distopias com as quais estamos acostumados. Nossos protagonistas, os heróis, eles são parte do sistema. Eles podem ter críticas, até tentar muda-lo em alguns pontos, mas os inspetores e os executores são os que mantém o sistema Sybil funcionando. E na primeira e segunda temporada todos os problemas criados foram consequências do próprio sistema.

Já na trilogia, especialmente no terceiro filme, vemos os benefícios que o sistema Sybil traz. O Japão é um país em que o julgamento de uma pessoa é feito em segundos, sem que ela tenha o direito de se defender, e a vida de todos eles já é pré-estabelecida, gostem ou não. Mas é o único lugar com governo estável e que as pessoas não passam fome, há poucos crimes e não existe conflito armado.

Terceira temporada

E esse tom otimista com o sistema Sybil segue na terceira temporada. Aqui Tsunemori Akane está presa e ainda não sabemos o motivo ao certo, o que levanta várias especulações, já que desde a segunda temporada fãs teorizavam que ela iria se voltar contra a Sybil. E da Divisão 1 restou apenas Sho Hinakawa. Por isso saudosistas terão que aceitar que agora as coisas estão diferentes.

Essa temporada trabalhou com várias questões: uma entidade secreta que rivaliza com o Sybil, chamada de Bifrost, a religião na sociedade de Psycho Pass, a política, e também, talvez o mais importante, imigração. Pois agora o Japão está com uma grande onda de imigrantes buscando uma nova vida. E é claro, também é trabalhado o estranho passado dos novos inspetores, a dupla Arata e Kei, que se mostram grandes parceiros. De fato, eles são a melhor parte da trama. 

Alguns dos pontos negativos foram o desenvolvimento arrastado na primeira metade, causado pelo fato dos episódios terem agora mais de quarenta minutos, o dobro do tempo das temporadas anteriores. Em alguns casos faz sentido serem longos, mas a maioria poderia ter sido dividida em duas partes.

Outro ponto negativo a meu ver foi o uso excessivo de animação computadorizada 3D. Eu detesto o contraste que fica da animação “mais a mão” por assim dizer com o digital. Isso era usado desde a primeira temporada, mas de forma bem limitada, aqui ela é usada em muitos dos cenários e que eu me lembre em todos os automóveis. E as cenas de ação e luta estão boas, mas abaixo do nível das primeiras temporadas.

Além disso, os casos investigados, apesar de bons, não são tão interessantes quanto os da primeira temporada. Mas o anime ainda tem o mérito de explorar mais elementos de seu universo ao ir para religião, política e imigração.

Fora isso, Psycho Pass 3 se mostra muito boa por introduzir personagens novos e desenvolvê-los bem, os novos executores, Mao Kisaragi, Kazumichi Irie e Tenma Todoroki são personagens carismáticos, divertidos, e em cada um fica claro suas personalidades, motivações e ideologias. E a trama construída ao longo da temporada é atrativa e nos faz querer saber todas as pontas soltas deixadas no último episódio.

Mais curta, Psycho Pass 3 teve apenas oito episódios, um número pequeno se pensarmos que o 1 teve 22 episódios. Mas não tanto quando vemos que o 2 teve apenas 11. Por causa disso, muitas dúvidas ficaram no oitavo episódio e há esperança de que sejam respondidas ano que vem (2020) com o filme Psycho Pass: First Guardian.

Você pode conferir a primeira e a segunda temporada de Psycho Pass na Netflix e a terceira temporada no Amazon Prime.

Colunista: Walter Niyama é jornalista formado pela ESPM-SP. Atualmente possui três romances publicados: O Mistério dos Suicidas; Guardiões de Sonhos – As Portas dos Pesadelos; Anos Atrás – Uma História de Santiago Valentim.

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